“Meus quadros são meus pensamentos materializados”

Valquiria Faria de Barros, nasceu em MG, em Setembro de 1951, na pequena Jaguarão, onde viveu até os 18 anos. Estudou em BH e, nessa ocasião descobriu que poderia traduzir suas sensações através da arte. Desenhava em bico de pena cenas mineiras que retratavam sua vivencia no campo. Foi para SP em 1974, quando conheceu seu marido Pablo Elgueta, artista plástico, o grande incentivador de seu trabalho.
Face á necessidade de revelar o colorido vibrante de suas raízes, começou a pintar telas onde a paisagem de MG está sempre presente. Seu passado junto á família, plantando e tratando a terra fizeram-na uma criatura amante da natureza e observadora constante dos costumes de sua gente. A profundidade de suas paisagens, aliada a um colorido tranquilo transmite-nos uma sensação de paz e harmonia. As figuras humanas são simples, como simples é o nosso povo.
As cenas rurais que retrata, evocam a simplicidade e o encanto de sua ingênua sensibilidade. Seu trabalho é minucioso, delicado e atraente, de um colorido tranquilo que em nada cerceia ou delimita a sua inspiração. O verde é uma constante, plena de paz, como a mensagem que transmite como verdadeiro oásis no atual mundo conturbado( Prof. Dr. Myriam Ellis).
È merecedora de vàrios premios em 1979, como os de medalhas de bronze no XVI salão oficial de embú e Mensão Honrosa no XVII Salão Oficial da AAAPSP 1980
– Grande Medalha de Prata no VIII Salão Oficial da AAAPSP
e XVII Salão Oficial de Embú Mensão Honrosa.
Participou de várias exposições individuáis e coletivas no Brasil e no exterior.

É catalogada no Livro de Arte:

A BORDADEIRA DE FIOS ENCANTADOS:
O terrestre transfeito em paradisíaco é o que faz a obra notável. Seus quadros evocam, no preciador atento, algo como uma forma de meditação sem palavras, de vez que há em sua pintura a já decantada”paciencia beneditina”, que fez desses monges uns encantadores perfeccionistas no sentido mais elevado deste termo. Viajar com as pinturas de Valquíria é das coisas mais fáceis e prazerosas, de vez que se tem á impressão de estar-se visitando a confeitaria divina. Quanta doçura e quanta densidade!! È sempre o intrigante mistério da vocação para ser co-criador do mundo.

Pascal, o matemático e filósofo do séc XVII, escreveu sobre dois conceitos que a obra pictórica de Valquíria suscita: O conceito de ESPRIT DE FINESSE, o espírito de finura e delicadeza que traz uma sutileza quase mediúnica, e o de ESPRIT DE GÉOMETRIE, que é a razão traduzida em equilíbrio. Na figura delicada dos quadros de Valquíria, chama nossa atenção seu primoroso sentido de composição: Um senso geométrico que, trabalhando com planos de profundidade e planos lineares, estabelece o mais sábioequilíbrio no conjunto pictórico.Há equilíbrio de massas nos elementos de composição, bem como um quase diálogo entre centrífugo e o centrípeto em seus quadros: uma conversa boa entre pontos de fuga e pontos de concentração coisas todas essas que, aos olhos argustos, não escapam.

Aliás, há muito tempo a melhor crítica de arte já percebeu que “NAIF” é algo de uma simplicidade enganadora, pois ele impõe sua específica complexibilidade, que não pesa nem satura. Que encanta.
Eis o que deve ser chamado pelo nome: Maturidade artística e humana, na qual cores e luzes dialogam sem confrontos de impacto. É uma musica que, supomos, nem a própria pintora entende em toda a sua densidade emocional.

Vez ou outra Valquíria penetra por florestas do seu inconciente ou do seu passado, e as pinta! E são florestas que sintetizam os silêncios da natureza, toda ela habitada pelas energias divinas. As florestas Valquirianas poderíamos jurar, têm odores que nos penetram como que exercendo sobre nós quase um efeito terapêutico. Como se pode perceber, não é sem razão que seus quadros estão em catálogos de importância nacional e internacional, fazendo parte de coleções importantes em nosso país e no estrangeiro.
Encanta as pessoas sensíveis que artistas desse porte venham, naturalmente e sem pose, movidos pela mais cristalina generosidade, expor seus trabalhos em local publico e ao ar livre. No que me diz respeito, fico sempre imaginando o artista em seu ato criador; e vejo Valquiria trocando agulhas por pincéis de ponta minúsculas para bordar calmamente com os fios encantados que a vida- que é o outro nome de Deus- Lhe oferece.

Valquíria de Barros traz consigo os motivos leves e coloridos do interior, das comunidades campesinas feitas das paciencias dos que dialogam com as chuvas, com o sol, com as estações; e traz isso tudo com espírito de figura que acende em nossos corações uma nova fé na beleza que há de melhorar nosso mundo e nossas vidas.

Uns pintam como que dançando um balet, praticando fazendo uma coreografia na frente e em volta de suas telas; e tais pinturas ás vezes são de grande excelência. Valquíria não! Pelo menos não a vejo bailar; vejo-a como a bordadeira que borda pacienciosa com fios de encantamento. E a textura final que a artista alcança em suas telas é como uma gaze de transcedência sobre o cotidiano.

Crítida de:

Régis de Morais, PH.D.
Unicamp/PUC Campinas/ UNISAL Americana.